Ler implica,
fundamentalmente, identificar as palavras de maneira automática. Ler com
fluência significa não apenas identificar as palavras automaticamente, mas com
velocidade e ritmo que evidenciam e facilitam a compreensão.
Por muitos anos
acreditava-se que alfabetizar era ensinar a ler e a escrever, juntar letras e
sílabas, formar palavras e pronto, a criança estava alfabetizada.
Em 1990, na Conferência
Mundial sobre Educação para Todos, a alfabetização passa a ser “entendida como
instrumento eficaz para a aprendizagem, para o acesso e para a elaboração da
informação, para a criação de novos conhecimentos e para a participação na
própria cultura e na cultura mundial nascente”.
Se tomarmos como ponto
de partida essa definição, constatamos que nela está explícita a ideia de que a
aprendizagem da leitura e da escrita se torna um instrumento que permitira o
indivíduo ter acesso à informação, seja possibilitando o acesso aos conhecimentos.
A escrita, comparável a um instrumento, é vista como capaz de permitira a
entrada do aprendiz no mundo da informação, seja possibilitando o acesso aos
conhecimentos socialmente produzidos, seja criando condições diferenciadas para
a produção de novos conhecimentos.
Segundo as teorias de
Jean Piaget (1983), o pode-se dizer que todas as atividades da criança são
“leituras de experiência”, ou seja, quando ela leva um objeto à boca, quando
agarra, puxa e encaixa objetos, quando ouve e imita sons, etc., ela está lendo
o mundo que a cerca. Toda criança possui um esquema de assimilação que evolui
de acordo com a etapa de desenvolvimento que atravessa. Nos primeiros anos é
eminentemente sensório-motor e simbólico, isto é, a riqueza das experiências
que a criança realiza torna-se fundamental para o seu desenvolvimento cognitivo
e, portanto, para a aprendizagem. A alfabetização deve ser entendida, pois,
como um processo que se inicia com a criança pegando, ouvindo, combinando e
experimentando objetos.
É fundamental, porém,
compreender que ler e escrever constitui apenas uma etapa do desenvolvimento
natural, e apenas uma parte do desenvolvimento geral da função semiótica (que
engloba o desenho, a dramatização, a linguagem, etc.).
Ler, portanto, é a
substituição de um código auditivo/oral por um código visual/escrito. Para
compreender melhor este processo tomemos o exemplo da aquisição da linguagem.
Nele, a criança passa dos esquemas de ação sensório-motora para os das
representações cognitivas (mentais) de uma maneira sequenciada e natural,
determinada pelo seu próprio ritmo. A aprendizagem da leitura e da escrita deve
seguir este modelo, ou seja, não devemos mitificá-la nem transformá-la em um
penoso ritual de alfabetização nas primeiras séries. Ela deve vir, a seu tempo,
juntamente com um conjunto de atividades interessantes e necessárias para a
criança nesse período.
O que vem ocorrendo nas
práticas pedagógicas, por um lado, é que elas não concebem a leitura como um
processo construtivo e sequenciado, que depende da globalidade das ações do
sujeito na construção do seu próprio conhecimento. Em geral, a leitura, ou a
alfabetização, é vista como um momento especial de aquisição de um conhecimento
específico, para o qual se volta toda a ação pedagógica. Por outro lado, não
percebendo a sequência natural desta assimilação e desconhecendo as etapas de
desenvolvimento da criança, elas impõem “métodos” e exaustivas repetições que
além de se revelarem inúteis, terminam por ser extremamente violentos para a
criança.
Estudos realizados por
Emília Ferreiro mostram que a alfabetização se dá por um processo que não é tão
fácil e rápido assim. É preciso
respeitar o tempo da criança que se encontra no processo de alfabetização,
entender que cada criança tem um jeito peculiar de descobrir o significado das
palavras.
Ferreiro (1996) diz que
a alfabetização é um processo interno, que acontece de formas diferentes em
cada indivíduo dependendo da forma com que é estimulado por seu meio ambiente.
É caracterizado por grandes dificuldades e conflitos a nível cognitivo, levando
a criança a estar em constante coordenação de informações e reconstrução de seu
conhecimento adquirido, provocando assim mudanças internas e grandes avanços
para se chegar ao pleno desenvolvimento da escrita e da leitura.
A Escola Helena de Aguiar Dias utiliza algumas atividades para fazer a sondagem dos alunos que estão no processo de alfabetização. Durante todo o ano é feita a sondagem, assim conseguimos identificar quais os alunos que avançaram e quais alunos ainda precisam de um olhar diferenciado e um acompanhamento mais intensificado pela professora.
Segue abaixo algumas das atividades que aplicamos com crianças que estão no processo de alfabetização.
Tabela de acompanhamento, utilizamos bimestralmente para comparação dos avanços de nossos alunos.
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